terça-feira, 31 de dezembro de 2013

IGREJA MATRIZ DE VILA DO CONDE

Lateral esquerda, com o pormenor da torre sineira.
Fachada do Museu da Confraria do Santíssimo...e o meu
grato amigo destas andanças, Guilherme Melo.
Um pequeno pormenor da torre sineira, com o senão do
aparcamento automóvel em pleno adro. Note-se a beleza
do trabalhado do candeeiro de iluminação pública.
* De seu verdadeiro nome, "IGREJA MATRIZ DE SÃO JOÃO BAPTISTA" , localiza-se na cidade e concelho e Vila do Conde, distrito portuense. É um dos principais monumentos da cidade e um dos mais significativos em estilo manuelino no país, mostrando elementos de arquitetura gótica e renascentista.
A fachada principal com a torre sineira

* A construção desta matriz veio a substituir uma anterior, e não restam quaisquer vestígios. A sua construção começou no ano de 1496 pelo arquiteto biscaínho João Rainho, seguido pelos colegas Sancho Garcia e Rui Garcia Penagós. Após 1502, ano em que Dom Manuel I de Portugal se hospedou em Vila do Conde - aquando da sua peregrinação a Santiago de Compostela - a coroa passou a financiar a obra. O que primeiro foi acabado foi a cabeceira e a ábside, já em 1506.
* A parte mais significativa da construção decorreu no período 1511 a 1514, agora sob a direção do arquiteto (também biscaínho) João de Castilho. A ele se devem o pórtico, as colunas e os arcos que dividem as naves laterais da central, o coro e a capela-mor, com a sua intrincada abóbada gótica-manuelina. Posteriormente, foram construídas as capelas do transepto e a torre sineira, sendo esta erguida no ano de 1573 por João Lopes (o Moço) em estilo tardo-renascentista ou maneirista.
* Anexo à igreja funciona o Museu da Confraria do Santíssimo, que além de outras obras valiosas, possui a rica custódia que pertenceu ao Convento de Santa Clara, agora ao abandono.
* Pelo exterior, as paredes que formam a nave central e a capela-mor - em toda a sua extensão - estão coroadas por duas ordens de merlões. O portal axial é em estilo manuelino puro, com uma estrutura trilobada com relevos renascentistas e ladeada por pináculos góticos, decorada por um nicho central com a imagem do padroeiro, São João Baptista e o conjunto de brasões da Póvoa de Varzim, Vila do Conde e de Rates de um dos lados, e do patrocinador da obra, o rei Dom Manuel do outro. O portal tem inúmeras semelhanças com o da igreja matriz de Azuaga, na Extremadura espanhola. A grande torre sineira quadrangular impõe-se à frontaria pelo volume e a quase ausência de ornamentação, com exceção do balcão dos balaútres.
* No interior, a igreja apresenta planta em cruz latina com três naves de diferente altura com cobertura de madeira e cabeceira com três capelas, uma de cada lado do transepto. Os tramos da nave são separados por colunas e arcos de volta perfeita. A capela-mor é coberta por uma abóbada com nervuras de feição gótico-manuelina e tem um retábulo barroco de talha dourada, esculpido em 1740, pelo entalhador portuense Manuel Pereira da Costa Noronha. O púlpito e os altares laterais foram esculpidos na primeira metade do século XVIII pelo entalhador João Gomes de Carvalho.
* As capelas do transepto possuem, igualmente, cobertura de abóbadas nervuradas góticas. A capela da direita é dedicada a Nossa Senhora da Boa Viagem e foi construída em 1542 pela comunidade de mareantes de Vila do Conde, sendo forrada por azulejos do século XVII. A capela da esquerda invoca a Nossa Senhora da Assunção e possui uma imagem gótica de São João Baptista. A pia batismal é manuelina.
* As janelas da igreja possuem vitrais modernos, de 1909 executados na cosmopolita Paris. O do janelão mostra uma cena da vida de Cristo e os da nave representam a vida do padroeiro, São João Baptista.

(Extraído parcialmente da base de dados do IGESPAR) 
  
   

ONDE FICA?


* O "AQUEDUTO DE COELHEIRO" prolongava-se desde o lugar homónimo até à Praça do Almada, na cidade e concelho da Póvoa do Varzim, distrito do Porto.
* Foi construído no século XVIII para o abastecimento do tanque da Praça Nova, devido ao crescimento económico e populacional da Póvoa de Varzim, após esta se haver tornado a fonte abastecedora de pescado das províncias do norte do país, na segunda metade de setecentos.
* Foi o corregedor Francisco de Almada e Mendonça (o Almada que deu lugar ao topónimo) o grande mentor da reforma urbanística poveira nessa época, para assim poder responder à Provisão Régia de Dona Maria I de Portugal, em 1791. Abriu-se a praça (que hoje tem o nome de Almada, em honra a este corregedor), rasgou-se nova praça onde passaram a ser realizados os mercados e feiras e construiu-se o aqueduto para levar a água ao centro do novo concelho, que então era denominado por "arcos da agoa publica", isto em 1795.
* Afora o preenchimento da necessidade da falta de água  potável na zona central da urbe, o aqueduto era fundamental para a continuação do processo de expansão urbana. Há quem diga que terá sido o "Aqueduto de Santa Clara" que serviu de inspiração para este, mas não há garantias. A água era colhida na fonte da Bica e conduzida por uma calha (rego) coberta, com pedras encaixadas umas nas outras para a Fonte do Ruivo, onde tinha início o aqueduto.
* Da estrutura original chegou até aos nossos tempos parte significativa, apesar de oculta perto do Bairro da Matriz, onde em tempos foi aproveitado para a execução de muros.
* O aqueduto encontra-se em vias de classificação, sendo que o Plano de Urbanização da Póvoa de Varzim prevê a recuperação do que resta do aqueduto.  

segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

AQUEDUTO DE SANTA CLARA

* O "AQUEDUTO DE SANTA CLARA" estende-se entre Terroso, na cidade da Póvoa do Varzim , e o Convento de Santa Clara, já na vizinha cidade de Vila do Conde, ambas do distrito portuense.
* Foi erguido no século XVI, encontrando-se classificado como Monumento Nacional desde o ano de 1910.
A imponência dos arcos em pedra, contrastando com o
verde da relva. 
Uma das interrupções da arcaria, ao fundo, do
lado direito da foto.

Trata-se de de um aqueduto em estilo românico, em aparelho de pedra. Originalmente possuía 999 arcos; no entanto, nos nossos dias alguns encontram-se destruídos.

domingo, 29 de dezembro de 2013

CAPELA DO SOCORRO

Fotografia tirada de cima do pontão que permite a
passagem pedonal do rio.
* A "CAPELA DO SOCORRO" situa-se perto da foz do rio Ave, no concelho e cidade de Vila do Conde, distrito do Porto.
* A sua construção data de 1559 por iniciativa de Gaspar Manuel, que foi "piloto mor da carreira da Índia, China e Japão" e custeou as obras, possivelmente em cumprimento de um voto a Nossa Senhora do Socorro.
* O templo é de pequenas dimensões, mas singular pelo seu formato e cobertura, em tudo semelhante à de templos orientais por onde terá andado o seu patrono. Esta capelinha é de planta circular e elítica, formada por dois corpos, sendo que o de menores dimensões se encontra orientado para Meca.

sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

CONVENTO DE SANTA CLARA

CONVENTO DE SANTA CLARA


Parte intata do aqueduto de Santa Clara.
A frontaria principal
De um ângulo esquinado!
Vista do aqueduto, notando-se, ao fundo a ausência da
respetiva continuação, concretamente no canal de passagem
dos veículos da "Metro do Porto".
* Este convento localiza-se na cidade de Vila do Conde, distrito do Porto. Foi um convento feminino criado em 1318 e extinto no século XIX. Do primitivo conjunto, resta a magnífica igreja em estilo gótico e parte do edifício conventual, reedficados, parcialmente, no século XVIII.
Uma das laterais. Foto tirada junto do açude.

* O convento terá sido fundado por iniciativa de Dom Afonso Sanches, filho bastardo (ilegítimo) de Dom Dinis I de Portugal e de sua esposa, Dona Teresa Martins. Do edificado ao longo dos séculos, apenas chegaram aos nossos dias, a igreja em estilo gótico, a área residencial - que nos primórdios foi designada como "dormitórios novos" - que foi edificada já no século XVIII, os arcos do antigo claustro com o seu chafariz e o extenso aqueduto - o aqueduto de Santa Clara, em grande parte em ruínas. 
* Na igreja encontram-se alguns túmulos importantes, nomeadamente o de Beatriz de Portugal, filha do beato Dom Nuno Álvares Pereira, o dos Condes de Cantanhede e os dos fundadores. Um dos mais célebres momentos do historial do convento, ocorreu sob a égide da abadessa Dona Isabel de Castro (1518-1543). A reedificação, no ano de 1777, em gosto neopaladiano é do mestre pedreiro Henrique Ventura Lobo, que, também trabalhou na Cadeia do Tribunal da Relação do Porto.  .
* A lenda da Abadessa Berengária e a lenda da Menina do Merendeiro - ambas originárias do Convento - testemunham, por parte das monjas da casa, anseios duma vivência cristã bastante depurada. Após o decreto de extinção das ordens religiosas, em 1834, a vida no convento foi-se apagando lentamente, até chegar ao seu fim, no ano de 1892, com o decesso da última freira.
* Por volta do ano de 1902 as dependências do antigo convento receberam a Casa de Detenção e de Correção do Porto, que, posteriormente, foram o Reformatório de Vila do Conde e a Escola Profissional de Santa Clara, que hoje se conhece como "Centro Educativo de Santa Clara", um estabelecimento de tutela de menores em risco que funcionou até ao ano de 2007.
* Atualmente encontra-se ao abandono, tendo sido já atingido por vários incêndios que danificaram seriamente o seu interior; mesmo apesar de em setembro de 2008 ter sido assinado um contrato entre o Turismo de Portugal e o Grupo Pestana com vista à sua transformação numa Pousada (!?).


A LENDA DA BERENGÁRIA

* É contado por alguns historiadores que, a certa altura no Convento, havia bastante relaxamento na vida religiosa das monjas. Orgulhosas e teimosas, recusavam os trabalhos dando-se a falatórios pouco convenientes e eram, também, pouco zelosas em acorrer à reza nas horas canónicas.
* (...NÃO HAVENDO REGRA SEM EXCEÇÃO), esta estava representada pela irmã Berengária. De origem humilde, cumpridora, imitava os melhores exemplos das passadas Clarissas, não fugindo às tarefas mais pesadas, que executava sempre com redobrado entusiasmo e sentido fraterno.
* Aconteceu que nesse período, a abadessa falecera, havendo necessidade em se eleger a sucessora. Havia muitas interessadas no cargo, que dava, de resto, autoridade e visibilidade social. Quem estava longe desses pensamentos era, sem sombra de dúvida, a solícita Berengária. Na hora da eleição - cada uma das eleitoras - para que as amigas não acedessem ao abadessado, votou de modo que menos pudesse prestar - na Berengária - pensando assim adiar a decisão, entregando o voto a uma tida como incapaz.. Porém, quando a irmã Berengária tomou conhecimento que tinha sido eleita segundo todas as regras, decidiu aceitar o cargo. Não o havia pedido, portanto, também não o recusava.
* As demais monjas mofavam e recusavam-se a obedecer-lhe, afirmando que a votação não teria sido criteriosa. Perante semelhante rebeldia, a nova abadessa foi firme e ousada, ordenando que as suas antecessoras, que ali jaziam, viessem prestar-lhe a homenagem de obediência que as freiras vivas negavam. Eis, senão quando, as abadessas antigas se ergueram das sepulturas e ali se mostraram em atitude respeitosa. O resultado não poderia ser outro, tendo as monjas mostrado arrependimento da sua soberba, acatando a autoridade da nova abadessa.
* A abadessa Berengária é, com efeito, uma figura histórica, tendo estado à frente do convento de 1384 a 1406. Muito embora o milagre que lhe é atribuído, seja uma lenda, a narrativa é de cunho edificante, valorizando virtudes indispensáveis à vida em recolhimento e comunidade, como a dedicação ao trabalho, à oração e, principalmente, à obediência.
* Em 1625, frei Luís dos Anjos recolheu esta lenda no "Jardim de Portugal", remetendo-a a uma versão anterior, em latim. No Convento de Santa Clara essa lenda ´+e evocada numa tábua, por escrito, e numa tela, ambas da segunda parte de Seiscentos.
* O escritor Joaquim Pacheco Neves, em 1980, dramatizou-a, intitulando-a de "A Lenda da Berengária".